Dra. Karine Cunha

Alterações de humor são normais, mas, quando acontecem de forma brusca e repentina, podem indicar que algo está errado. O transtorno bipolar caracteriza-se por essas mudanças repentinas no estado de espírito e por emoções exacerbadas, indo da extrema euforia e irritação até profunda tristeza e pensamentos depressivos.

Também conhecida como doença maníaco-depressiva, essa condição atinge cerca de 4% dos adultos no mundo, chegando ao número de seis milhões de brasileiros portadores desse distúrbio.

Quer saber mais sobre o transtorno bipolar, seus sintomas, os tipos e os tratamentos disponíveis? Continue a leitura, confira os detalhes da doença e descubra se existe uma cura!

Quais são os sintomas do transtorno bipolar?

O transtorno bipolar é caracterizado por oscilações bruscas de humor e sensações exageradas, às vezes de alegria, de vez em quando de tristeza ou irritação. São comuns episódios de mania e depressão — não necessariamente intercalados.

Veja os sintomas de cada episódio:

Episódios de mania

Nos episódios de mania, o indivíduo experimenta uma sensação de ser invencível, fica mais agitado e tende a se tornar impulsivo. Muitas vezes, pode se demonstrar como uma sensação boa, em que o indivíduo se torna muito produtivo e até extrovertido.

Ele também pode apresentar:

  • irritabilidade;
  • hiperatividade;
  • euforia;
  • alegria excessiva, independentemente das condições ao redor;
  • atitudes inconsequentes;
  • compulsão alimentar;
  • aumento de energia;
  • autoestima alta;
  • fala excessiva.

Episódios de depressão

Os sintomas dos episódios depressivos assemelham-se aos da depressão: o indivíduo experimenta extrema tristeza e falta de motivação, o que pode levar a tentativas de automutilação e suicídio.

Ainda podem ocorrer:

  • dificuldade de concentração;
  • falta de energia até para tarefas simples;
  • baixa autoestima;
  • falta de interesse por tarefas prazerosas;
  • pensamentos suicidas;
  • isolamento;
  • culpa;
  • falta ou excesso de sono.

Há momentos em que episódios maníacos e depressivos se sobrepõem. Trata-se do “estado misto”, que faz com que o indivíduo passe a vivenciar dois estados de espírito conflitantes. Contudo, também podem existir momentos assintomáticos entre os eventos.

Como identificar que uma pessoa tem o problema?

O transtorno bipolar não tem preferência por homens ou por mulheres, podendo afetar desde crianças até os mais experientes. Geralmente, tem seus primeiros sintomas na adolescência e continua a sua expressão durante a vida. Dificilmente ele é reconhecido —  os pacientes passam décadas sem um diagnóstico preciso.

A investigação começa com experiências relatadas pela pessoa ou por parentes de amigos sobre comportamentos anormais. Uma série de testes é pedida, inclusive exames de sangue e urina.

O distúrbio pode se apresentar associado a outras condições, como abuso de substâncias químicas e comportamentos irregulares, seja no trabalho, seja na escola. O diagnóstico conclusivo só pode ser dado por psicólogos ou psiquiatras.

Quais são as causas?

Ele não parece ter uma causa única. É muito provável que seja o resultado de diversos fatores, talvez até mesmo acumulados durante a vida.

Esse distúrbio pode se originar tanto por causas hereditárias quanto por meio de elementos externos. Desequilíbrios químicos no cérebro e alterações hormonais podem levar ao transtorno bipolar.

Situações traumáticas, estresse, abuso de drogas na adolescência, alterações hormonais ou problemas familiares e afetivos na infância também são capazes de desencadeá-lo.

Existem tipos diferentes?

O transtorno bipolar não se desenvolve da mesma maneira em todos aqueles que são atingidos. O distúrbio é dividido em três tipos:

Tipo 1

O mais clássico, caracterizado por episódios maníacos e períodos de depressão profunda.

Tipo 2

Quem sofre do transtorno bipolar tipo 2 não chega a apresentar mania, mas, em geral, ocorre aumento da impulsividade e na energia, intercalado com períodos de depressão, mas sem a intensidade dos episódios maníacos.

Ciclotimia

Esse tipo é caracterizado por oscilações de humor menos intensas do que nos tipos anteriores. O doente, por vezes, consegue manter-se ativo, trabalhando e desempenhando algumas tarefas.

De que maneira é feito o tratamento?

O acompanhamento dessas pessoas dura muito tempo e deve ser feito por uma equipe de diversas especialidades médicas. É necessário descobrir os desencadeadores das mudanças de humor e se existe algum problema médico ou emocional relacionado.

Para devolver a qualidade de vida ao portador do transtorno bipolar, é necessário a junção do tratamento psiquiátrico — em que podem ser receitados estabilizadores de humor, antidepressivos e antipsicóticos — com a psicoterapia.

Na psicoterapia, serão trabalhadas as reações às situações cotidianas, a aceitação da doença e do tratamento, a prevenção ao suicídio e outras questões que podem ajudar a investigar as causas psicológicas e ambientais do distúrbio, assim como o seu tratamento.

Se o paciente sofrer de dependência de substâncias, como álcool ou drogas, ele deverá ser reabilitado. Da mesma forma, um caso que tenha comportamentos agressivos que ameace a própria vida ou a vida de pessoas ao seu redor deve ser hospitalizado.

Medicamentos de controle de alteração de humor são utilizados diariamente. Quando o paciente já está controlado e estabilizado, começa-se a pôr o foco na manutenção desse humor constante. Essa é uma condição que não tem cura, mas que pode ser controlada e oferecer uma vida muito próxima da normalidade.

O que pode ajudar uma pessoa com transtorno bipolar?

Existem algumas atitudes simples que podem facilitar muito a vida de quem tem esse distúrbio. Comportamentos de risco, vícios e uso abusivo de drogas precisam ser tratados caso a pessoa queira se estabilizar. Não é vergonha pedir ajuda. Esse tipo de problema é muito complicado de resolver por conta própria.

Cercar-se de pessoas boas com atitudes positivas e que querem ajudar só faz bem! Afaste-se de relacionamentos não saudáveis e que incentivem maus comportamentos. As brigas constantes mexem com nossas emoções, por isso manter a estabilidade pode se tornar muito difícil.

É importante que a família também procure ajuda e acompanhamento psicológico a fim de auxiliar ao máximo o parente que sofre do transtorno. A compreensão e o apoio familiar são essenciais no tratamento.

Exercícios físicos e uma boa noite de sono são tópicos sempre presentes quando se trata de dicas para uma vida saudável. A atividade física moderada feita com frequência ajuda a estabilizar o humor e a ter uma boa noite de sono, além de liberar substâncias químicas que dão sensação de prazer.

Aprendeu um pouco sobre o transtorno bipolar? Não se assuste se você se identifica com alguns dos sinais e sintomas! É preciso lembrar que esses eventos de mudança de humor são bruscos e repentinos.

Se você conhece alguém que possa sofrer com esse quadro ou precisa de mais informações sobre o assunto, entre em contato conosco, nós podemos ajudar!

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