Dra. Karine Cunha

É comum ouvirmos que uma pessoa tem “personalidade forte” ou apenas que tem “personalidade”. Mas você sabe o que é a personalidade? Nesse post vamos entender um pouco mais sobre essa função e suas alterações.

A personalidade é uma função psíquica complexa, pois seu funcionamento é interdependente da cognição (formas de perceber e interpretar o mundo), afetividade, vontade, entre outras funções. A personalidade, portanto, refere-se às características individuais em relação com o meio.

Porém, desvios da personalidade acontecem, o chamado transtorno de personalidade. Vamos conhecer melhor sobre? Continue a leitura!

O que é?

Um transtorno de personalidade é caracterizado por desvios persistentes e inflexíveis no comportamento em relação às expectativas culturais, levando a sofrimentos e prejuízos no desempenho ocupacional e afetivo-social.

Tipos e características

Os transtornos de personalidade são identificados no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais em três grupos, conforme semelhanças em relação ao comportamento. O grupo A reúne características excêntricas ou esquisitas; o grupo B apresenta traços de impulsividade, drama, instabilidade; o Grupo C inclui um comportamento mais ansioso.

Abaixo agrupamos os tipos de transtorno de personalidade que também são identificados no documento:

Grupo A

  • Paranóide – apresenta padrão generalizado de desconfiança e suspeita, sendo as motivações dos outros interpretadas como ruins;
  • Esquizóide – trata-se de padrão de afastamento das relações sociais (isolamento) e baixa expressão emocional;
  • Esquizotípica – grande desconforto nas relações, pensamento difuso com muitas distorções e comportamento excêntrico.

Grupo B

  • Antissocial – refere-se ao padrão de violação dos direitos de outras pessoas sem culpa ou remorso;
  • Borderline – apresenta instabilidade nas relações e no humor, com acentuada impulsividade;
  • Histriônica – apresenta um padrão pueril, com grande necessidade de atenção e facilmente influenciável por pessoas ou circunstâncias;
  • Narcisista – mostra traços de grandiosidade e falta de empatia.

Grupo C

  • Evitativa – forte inibição social, sentimentos de inadequação, excessiva preocupação com críticas ou avaliações negativas, insegurança;
  • Dependente – acentuado desamparo, com temores exagerados, levando a comportamentos de submissão e apego;
  • Obsessivo-compulsiva – rigidez, metodismo, baixa tolerância a variações ou imprevistos, perfil controlador, com padrões elevados de desempenho impostos pela própria pessoa.

Causas e Sintomas

Estudos apontam que as causas podem ser relativas a fatores genéticos (hereditariedade), ambientais (relativos às experiências da vida) e/ou biológicos (alterações na atividade e na estrutura cerebrais), tendo em vista a complexidade de tal função psíquica.

Em geral, os sintomas dos transtornos de personalidade – como mostram as características indicadas para os tipos acima – relacionam-se a problemas com a autoidentidade e com relacionamentos interpessoais.

Diagnóstico

Para o diagnóstico de um transtorno de personalidade, é necessária uma acurada avaliação por profissionais capacitados, das tendências gerais relativas à cognição, afeto e comportamentos interpessoais, ou seja, padrões de funcionamento de longo prazo.

Tal avaliação da história de vida do paciente também demanda a busca de informações junto a pessoas que convivem com o indivíduo em sofrimento.

O quadro apresenta um padrão inflexível, persistente e generalizado de traços mal-adaptativos, com significativo sofrimento, em geral com início na adolescência ou princípio da vida adulta.

Importante pontuar que o diagnóstico referente a transtornos de personalidade deve excluir mudanças nos traços de personalidade causadas por outros transtornos mentais ou pelo uso de substâncias ou traumatismos neurológicos.

Tratamento

O objetivo do tratamento é, principalmente, amenizar o sofrimento subjetivo do paciente, permitir que tanto ele quanto seus familiares e as pessoas de sua convivência entendam o quadro como sendo internos a seu funcionamento psíquico e trabalhar para minimizar os efeitos negativos de comportamentos indesejáveis.

Para tanto, as psicoterapias são fortemente recomendadas nos casos de transtorno de personalidade. Os medicamentos podem ser eficazes para sintomas específicos associados que possam vir a aparecer, como quadros de ansiedade, por exemplo.

Queremos ouvir suas dúvidas, sugestões e vivências! Deixe um comentário nesse post!

Categorias: Bem estar